A viagem do louco é uma metáfora através da viagem da vida
Cada Arcano maior representa um
determinado estágio dessa jornada da vida – uma experiência que cada pessoa tem
que incorporar para poder ter uma experiência de vida “completa”.
O Louco
Começamos com o Louco (0), a carta dos Começos. O Louco representa para cada um
de nós o começo da nossa jornada da vida. Ele é Louco porque vive nele uma alma
simples e inocente cheia de crenças com uma confiança e uma fé, uma crença
quase religiosa inigualável para aceitar todas as coisas que lhe possam
acontecer, quer sejam grandes alegrias ou enormes dores.
No principio da sua viagem O Louco é um recém-nascido - Fresco; aberto e
Espontâneo . A figura do Arcano Zero abre os braços amplamente e leva a cabeça
levantada olhando O Céu em vez de ver onde põe os pés. Ele está disponível para
abraçar o que quer que se lhe depare no caminho, mas vai evidentemente
distraído, de tal forma que não se apercebe que a seus pés está o precipício. O
Louco não tem consciência do risco que corre, das dificuldades que se lhe
deparam, do eventual sofrimento nem sequer tem bem noção das suas próprias
necessidades.
Ele parte na aventura e vai aprender á sua conta, as lições que a vida tem para
lhe dar.
De certa forma, podemos dizer que O Louco fica de fora ou não se insere no
resto dos Arcanos Maiores. Ele é O Arcano Zero, e Zero não é um numero que se
use… Ele fica entre os números Positivos e os Negativos, bem no meio deles.
Tal como quando nasce. O Louco está no centro do universo mas com uma enorme
vontade de aprender. Este nosso Louco parece mesmo um Imbecil, mas selo-a?
O Mago e a Sacerdotisa
No começo da viagem O Louco de imediato encontra o Mago (1) e A Sacerdotisa
(2) – as duas grandes forças que o farão compreender o mundo. Como numa
longa-metragem ele vai começar a ver o filme das suas experiências pelo mundo
com tudo o que o favorece e o que se lhe opõe.
O Mago é o lado positivo (EXTERIOR) . Ele representa o activo, o poder
masculino e o poder criativo. Ele é também a nossa consciência consciente. O
Mago é aquela força que encontramos através da nossa concentração individual e
descobrimos o nosso poder individual.
A Sacerdotisa é o lago negativo (INTERIOR). Ela é o Misterioso e o Inconsciente
Ela é a terra produtiva onde ocorrem os eventos. Representa os nossos
potenciais não realizados, aquilo que aguarda o momento certo para ser
desenvolvido.
Os termos Positivo/Negativo ; Bom/Mau ; Interior/Exterior , são distinções
humanas que não se aplicam ao tarot. O mago e a sacerdotisa são absolutamente
iguais no seu valor e importância, São ambos necessário para o equilíbrio,
Podemos ver o negativo como a nossa sombra mas sem as sombras nós não
conseguimos ver a luz e sem um espaço de potencial não conseguimos criar.
A Imperatriz
À medida que o Louco cresce, ele fica mais e mais atento ao que o rodeia. Como
a maioria dos bebés, ele primeiro reconhece a Mãe – O calor e a mulher
carinhosa que o alimenta e toma conta dele. Ele também reconhece a mãe terra
que o nutre num sentido maior.
A Imperatriz (3) representa o mundo da natureza e da sensação. Os
prazeres do bebé são explorar tudo o que toca, saboreia e cheira. Ele não se
farta de todas as vistas e sons que encantam os seus sentidos. È natural ter
prazer na abundância e bondade sagrada da mãe terra que nos cerca e que o
suporta.
O Imperador
A próxima pessoa que o Louco encontra é O Pai na figura do O Imperador (4). Ele
representa a estrutura e a autoridade. Á medida que um bebé deixa os braços da
mãe, ele aprende que há figura paterna no seu mundo. Os objectos respondem a
caminhos previsíveis que podem ser explorados. A nova experiência prazeirosa da
criança que vem com o descobrir da ordem.
O Louco também encontra as Regras. Ele aprende que a sua vontade não é sempre
suprema e que há certos comportamentos necessários ao seu bem estar. Há pessoas
com autoridade que irão servir de seus guias. Estas restrições podem ser
frustrantes mas através da paciência e direcção do Pai, o Louco começa a
entender o seu propósito.
O Papa
O Louco aventura-se fora de casa num mundo maior. Ele está exposto às carências
e tradições da sua cultura e começa a sua educação formal. O Papa representa a
organização do sistema de crenças que começa a cercar e a informar a criança em
crescimento.
O Papa pode ser alguém que interpreta o conhecimento e o mistério dos arcanos.
Na carta (5) vemos uma figura religiosa a abençoar dois acólitos. Talvez esteja
a indicia-los a alistarem-se como membros da igreja. Apesar desta imagem ser
religiosa, é na verdade um símbolo para iniciações de todos os tipos.
A Criança é treinada em todas as práticas da sociedade e torna-se uma parte da
cultura própria e a visão do mundo. Ele aprende a identificar-se com um grupo e
descobre o sentimento de “pertença” Ele gosta de aprender os costumes da sua
sociedade e mostrar o quão bem consegue integrar-se neles.
Os Amantes
O Louco encontra outros novos desafios. Ele experimenta a poderosa necessidade
de união sexual com outra pessoa. Antes ele estava principalmente concentrado
nele próprio. Agora ele sente a necessidade de equilíbrio figurada na carta dos
amantes (6), para alcançar e ser parte de uma metade de uma parceria amorosa.
Ele deseja ter uma relação.
O Louco também precisa de decidir sobre as suas próprias crenças. Não faz mal
conformar-se à medida que se aprende, mas a determinada altura ele terá que
determinar os seus próprios valores, se quiser ser verdadeiro com ele próprio.
Ele vai ter que começar a questionar as opiniões recebidas.
O Carro
Por a altura em que o louco se torna adulto, ele tem uma forte identidade e um
certo controlo sobre ele próprio. Através de disciplina e força de vontade,
desenvolveu um controlo interior que o permite triunfar sob o seu ambiente.
O Carro (7) representa o ego vigoroso que é a maior feito que conseguiu até
agora. Na carta 7, vemos uma orgulhosa figura de um comandante a dirigir
vitoriosamente através do seu mundo. Ele esta visivelmente no controlo dele
próprio e das suas analises. No momento o sucesso acertivo do Louco é tudo o
que ele pode desejar, e ele sente uma satisfação consigo mesmo. Ele é a
confiança garantida da juventude
Força
Através do tempo, a vida apresenta ao louco novos desafios, alguns que causam
sofrimento e desilusão. Há várias ocasiões para demonstrar a qualidade da força
(8). Ele e pressionado a desenvolver a sua coragem, resolver e descobrir o
coração para continuar apesar dos empecilhos.
O Louco também descobre os silenciosos atributos da paciência e tolerância. Ele
descobre que o deliberado comando do carro deve ser temperado com bondade e
reconhecer o poder de uma aproximação gentil e carinhosa. As vezes paixões
intensas vêm a superfície, mesmo quando o Louco pensava que tinha tudo,
incluindo ele próprio, sob controlo.
Eremita
Mais tarde ou mais cedo, O Louco é levado a questionar-se com a velha pergunta
“porque?” Ele fica absorvido com a procura de respostas, não por uma ociosa
curiosidade, mas de um sentimento mais profundo para procurar O porque da vida,
se apenas serve para sofrer e morrer. O Ermitã (9) representa a necessidade
para procurar uma verdade mais profunda.
O louco começa a olhar para dentro, tentando perceber os seus sentimentos e
motivações. O mundo sensual não o atrai, e ele procura momentos de solidão
longe da actividade frenética da sociedade. Com o tempo ele pode procurar um
professor ou guia que pode aconselhá-lo e dar-lhe uma direcção.
Roda da Fortuna
Após muita procura do auto-conhecimento, O Louco começa a ver como tudo se
relaciona. Ele tem a visão do fantástico funcionamento do mundo; os seus
padrões e ciclos. A Roda da Fortuna (10) é o símbolo do misterioso universo
cujas partes trabalham juntas em harmonia. Quando O Louco vislumbra a beleza e
ordem do mundo, mesmo que brevemente, ele encontra algumas das respostas que
procurava.
Por vezes as suas experiências parecem ser obra do destino. O encontro da sorte
ou um acontecimento miraculoso começa o processo da mudança. O louco pode
reconhecer o seu destino na sequência de acontecimentos que o conduz ao ponto
de partida. Estando solitário, ele sente-se pronto para movimento e acção outra
vez. A sua perspectiva é maior, e ele vê-se parte de um plano grandioso do
universo. A sensação de propósito e utilidade é novamente restaurada.
Justiça
O louco tem agora que decidir o que esta visão significa para ele pessoalmente.
Olha para o passado da sua vida para detectar os relacionamentos causa e efeito
que o trouxeram a este ponto. Ele toma responsabilidade por as suas acções
passadas de modo a fazer emendas e garantir um caminho mais honesto no futuro.
A busca da justiça (11) tem de ser servida para que fique tudo em pratos
limpos.
Este é um tempo de decisão para O Louco. Faz escolhas importantes. Ele
permanecerá verdadeiro para com as suas visões compenetradas, ou será que ele
irá escolher um caminho mais fácil de uma existência inconsciente que fecha a
possibilidade do seu crescimento?
O Enforcado
Destemido, o louco persiste. Está determinado a realizar a sua visão, mas
descobre que a vida não é assim tão fácil de domar. Mais tarde ou mais cedo,
ele encontra a sua encruzilhada pessoal – uma experiência que aparentemente é
demasiado difícil de tolerar. Este esmagador desafio torna-o humilde até ele
não ter escolha além de desistir e largar.
À primeira, O Louco sente-se derrotado e perdido. Acredita que sacrificou tudo,
mas mais profundamente ele aprende uma verdade impressionante. Descobre quando
abdica a sua luta por controlo, tudo começa a funcionar como deve. Por se
tornar aberto e vulnerável, O Louco descobre um miraculoso suporte do seu Eu
interior. Ele aprende a render-se ás suas experiências, alem de lutar contra
elas. Sente uma alegria surpreendente e começa a caminhar ao sabor da corrente
da vida.
O louco sente-se suspenso num momento sem tempo, livre da urgência e da
pressão. Na verdade, o seu mundo está virado do avesso. O Louco é o enforcado
(12), aparentemente torturado, mas na verdade está sereno e em paz.
Morte
O Louco começa agora a eliminar velhos hábitos e aproximações
obsoletas. Ele corta com o não essencial porque aprecia as coisas simples da
vida. Ele passa por finais à medida que abandona aspectos da sua vida para trás
das costas. O seu processo é similar á sua morte, pois é a morte (13) do seu eu
familiar para permitir o crescimento de um eu novo. Por vezes esta mudança
inoxerável parece esmagadora para o louco, mas eventualmente ele descobre que a
morte não é um estado permanente. É simplesmente uma transição para o novo, uma
forma de vida mais realizadora.
Temperança
Parece adoptar o Ermita, o Louco balança desordenadamente para trás e para a
frente num pêndulo emocional. Agora, apercebe-se do balançar estável da
temperança(14). Ele descobre a verdadeira estabilidade e equilíbrio. Ao
experimentar os extremos ele aprecia a moderação. O Louco combina aspectos dele
próprio num todo centrado que irradia saúde e bem-estar. Quão gracioso e suave
é o anjo da carta 14 comparado com O poderoso mas rígido na carruagem ( Carta
7)?
O louco percorre um longo caminho para perceber a harmonia da vida.
Diabo
O Louco tem a sua saúde, paz de espírito e uma graciosa tranquilidade. Que mais
precisará? Nos termos corriqueiros, não muito, mas O Louco é corajoso e
continua a perseguir níveis mais profundos do seu ser. Ele brevemente irá encontrar
cara-a-cara O Diabo (15).
O diabo não é uma figura má e sinistra que vive fora de nós. Ele é o nó da
ignorância e do desespero ligado a nós em algum nível. Esta sedutora atracção
dos bens materiais amarram-nos tão convincentemente que por vezes nem nos
apercebemos da nossa escravatura para com eles.
Nós vivemos num leque limitado de experiências, inconscientes do mundo glorioso
que é O nosso verdadeiro património. O casal na carta 15 esta acorrentado mas
condescendente. Eles podem facilmente libertar-se mas eles nem sequer tomaram
consciências do seu cativeiro. Eles parecem-se com os amantes, mas não se
apercebem que o seu amor é limitado numa estreita extensão. O preço desta
ignorância é um interior desesperado.
Torre
Como pode o Louco libertar-se do Diabo? Poderá enraizar a sua influencia? O
Louco só poderá encontrar libertação através de uma mudança súbita representada
pela torre(16). A Torre é a fortaleza do ego que cada um de nos construiu a
volta do seu belo centro interior. Cinzenta, fria e de pedra, esta fortaleza
parece proteger-nos mas na realidade é uma prisão.
As vezes apenas uma crise monumental pode gerar força suficiente para destruir
as paredes da Torre. Na carta 16 vemos um esclarecedor raio a incendiar este
edifício. Ejectou os seus ocupantes que parecem cair para as suas mortes. A
coroa indica que eles outrora foram orgulhosos governantes; agora estão
humildes perante uma força maior que eles.
O Louco pode precisar de um severo abanão se quiser libertar-se, mas a
revelação resultante faz com que as experiências dolorosas valham a pena. O
negro desespero é afastado instantaneamente, e a luz da verdade é livre de
brilhar.
Estrela
O Louco expande-se com uma calma serena. A bela imagem na estrela (17) confirma
a sua tranquilidade. A mulher na carta 17 está nua, a sua alma já não está
escondida atrás de disfarces. Estrelas radiantes brilham num céu limpo servindo
de guia para a esperança e inspiração.
O Louco é abençoado com uma confiança que substitui as energias negativas do
diabo. O seu destino e do seu futuro restaurado. Ele esta cheio de alegria e o
seu único desejo é partilhar generosamente com o resto do mundo. O seu coração
esta aberto, e o seu amor sai livremente. Esta paz após a tempestade é um
momento magico para O Louco.
Lua
Quais os efeitos que podem estragar esta calma perfeita? Haverá outra mudança
para O Louco? Na verdade, é a sua felicidade que o torna vulnerável ás ilusões
da lua (18). A alegria do Louco é um estado sentido. As suas emoções positivas
ainda não são assunto da sua claridade mental. Na sua condição sonhadora, O
Louco esta susceptível à fantasia, distorção e uma falsa imagem da verdade.
A Lua estimula à imaginação criativa. Abre caminho para os pensamentos bizarros
e belos para efervescerem da inconsciência, mas os medos e ansiedades
enraizados também vêm ao de cima. Estas experiências podem fazer com que O
Louco se sinta perdido e desnorteado.
Sol
É a claridade lúcida do sol (19) que direcciona a imaginação do Louco. A
iluminação do sol brilha em todos os pontos escondidos. Dissipa as nuvens de
confusão e medo. Esclarece, de modo a que O Louco sinta e perceba a bondade do
mundo.
Agora, ele aproveita uma energia vibrante e entusiasmo. A abertura da Estrela
solidificou numa extensa garantia. O Louco é o bebe nu na figura da carta 19,
saindo alegremente para encarar um novo dia. Nenhum desafio é demasiado
assombroso. O Louco sente uma vitalidade radiante. Ele envolve-se em grandes
tarefas a medida que traça para si tudo o que necessita. Ele é capaz de
realizar a sua grandiosidade.
Julgamento
O Louco renasceu. O seu falso lado egocêntrico cai, permitindo o seu radiante e
verdadeiro eu manifestar-se. Ele descobre que a alegria, e não o medo, é o
centro da vida.
O Louco sente-se absolvido. Ele perdoa-se e aos outros, sabendo que o seu
verdadeiro eu é puro e bondoso. Ele pode arrepender-se de erros passados, mas
ele sabe que se deveram á ignorância da sua verdadeira natureza. Ele sente-se
limpo, fresco pronto para começar de novo.
É tempo do Louco fazer um Julgamento mais profundo (20) sobre a sua vida. O seu
dia de reconhecimento chegou. Desde que agora ele se veja verdadeiramente, ele
pode tomar as decisões necessárias para o futuro. Ele pode escolher sabiamente
que valores cultivar, e quais descartar.
O anjo na carta 20 é o Eu mais alto do Louco chamando-O para vir ao de cima e
cumprir a sua promessa. Ele descobre a sua verdadeira vocação – a sua razão
para entrar nesta vida. Duvidas e hesitações desaparecem, e ele esta pronto
para seguir o seu sonho.
Mundo
O Louco reentra no mundo (21), mas desta vez num conhecimento completo. Ele
integrou todas as partes diferente dele próprio e atinge a totalidade. Ele
atinge um novo nível de felicidade e concretização.
A experiência do Louco é cheia e muito significativa. O futuro esta cheio de
promessas infinitas. Alinhado com o seu chamamento pessoal, ele torna-se
activamente envolvido no mundo. Ele rende serviço partilhando os seus dotes e
talentos únicos e descobre que prospera em tudo o que tenta, devido aos seis
actos de certeza interior, O mundo inteiro conspira para garantir que os seus
esforços são recompensados. As suas realizações são muitas.
Então a viagem do Louco não foi assim tão louca afinal. Através da perseverança
e honestidade, ele restabelece a coragem espontânea que primariamente o impeliu
para a descoberta do Eu, mas agora ele esta completamente consciente do seu
lugar no mundo. Este ciclo esta acabado, mas, O Louco jamais parará de crescer.
Brevemente ele estará pronto para recomeçar uma nova viagem que o ira guiar
para níveis de conhecimento ainda maiores.